O treinador de futebol Jorge Jesus disse quinta-feira em tribunal que não tinha “certeza” porque testemunhou no caso “Football Lakes”, em que o arguido acusou Roy Pinto de revelar o seu contrato com o Sporting.
“Nunca foi algo tão importante e nem sei o que estou a fazer aqui”, afirmou o actual treinador do Benfica na 14ª sessão do julgamento a decorrer no Tribunal Criminal de Lisboa.
Com base nesta declaração, o júri lembrou ao treinador que teve dificuldade em determinar o período em que treinou o Sporting, e que foi inscrito como testemunha pelo Ministério Público, pela defesa e pelos auxiliares.
No tribunal, Jorge Jesus disse não saber que tinha uma conta de email do Sporting, à qual, segundo a acusação, Roy Pinto teve acesso ilegal.
Disse Jorge Jesus: “Nem sabia que tinha uma conta de e-mail do Sporting. Não sei se o Sporting tinha criado esta conta para mim. Se fosse, não saberia”, acrescentando: “Se a utilizasse [a conta]? Não, nem no Benfica nem no Sporting. ”
O treinador, que esteve no Sporting entre 2015 e 2018 mas referiu a equipa que liderou os “Leões” entre 2014 e 2016, disse que a divulgação do contrato nunca o preocupou, pois “não tinha nada a esconder”.
“[A divulgação] Não me preocupei, não tenho nada a esconder e não agradeço. Para mim, nunca causou instabilidade e não havia nada de errado. Não sei o que esta revelação fez ao Sporting, sou treinador de futebol ”, disse.
Roy Pinto, criador da plataforma eletrónica “Football Leaks”, através da qual foram divulgados milhares de documentos confidenciais do mundo do futebol e alegados esquemas de evasão fiscal cometidos em vários países, acusado de cometer 90 crimes.
O arguido, 31, é responsável por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 violações de correspondência, seis de acesso ilícito e visados entidades como Sporting, Doyen, escritório de advocacia PLMJ e Federação Portuguesa de Futebol (FPF) E o Ministério Público (PGR), também para sabotar o computador do SAD do Sporting e extorsão, sob a forma de tentativa.
Este último crime dizia respeito a Doyen e foi também o que levou o procurador Aníbal Pinto a proferi-lo.