Assim como Joe Biden, o recém-eleito vice-presidente age contra a devastação da região amazônica
Os Estados Unidos demoraram 231 anos para nomear uma mulher negra e uma pessoa como vice-presidente. A maré de brancos no cargo foi quebrada neste sábado (7), confirmada pela californiana Kamala Harris, de 56 anos, para o cargo. Filha de pai jamaicano e mãe índia, Harris não é apenas uma novidade em gênero e cor, mas é também um novo elemento na relação entre os Estados Unidos e o Brasil, lembra o professor de relações internacionais (Fab) Carlos Poggio da Fundação Armando Alvares Penteado.
O analista ressalta que “ela e Biden são o primeiro cartão que recebe críticas diretas de um presidente brasileiro, e isso é uma novidade”. Também em 2019, Harris criticou nominalmente a gestão de Bolsonaro em sua conta no Twitter, acusando-o de ter uma mão forte na prevenção de incêndios na Amazônia. E se posicionou contra os acordos comerciais entre Brasil e Estados Unidos diante do cenário ambiental brasileiro.
O professor de relações internacionais do Ibmec e coordenador dos observatórios eleitorais dos EUA na fundação, Oswaldo Dehoun, diz esperar que o governo democrático tenha uma política externa pragmática no trato com o Brasil. “Mas acho que é difícil para Bolsonaro ter apoio americano, como a proximidade entre sua família e as famílias de Trump”, diz ele.
O pesquisador afirma que a vitória de Kamala Harris simboliza a mudança no eleitorado americano, que permanece sexista.
Os Estados Unidos têm um sistema bipartidário exclusivo. A presença das mulheres nas eleições começou muito depois da constituição. Claro, a sociedade ainda é bastante viril, apesar dos ventos liberais nas grandes cidades da América. Podemos ver o número de votos para Trump, um presidente particularmente misógino Óbvio ”, analisa Oswaldo Dehon, professor do Ibmec. Trump obteve cerca de 70.300 votos, 47,7% dos quais foram contados até agora.
Também na campanha eleitoral de 2016, as vozes de Trump referindo-se às mulheres sexualmente falantes geraram críticas aos movimentos feministas contra o presidente, que continua em conflito com seu mandato. Nesse cenário, a eleição de Kamala Harris é um sinal de mudança no eleitorado americano. “Há uma evolução natural das cidades nos Estados Unidos, que estão cada vez mais diversificadas. Antes, 90% do eleitorado era branco, hoje é 75%”, lembra o professor Fab Carlos Poggio.
Ele observa que não é certo que a eleição de Harris se traduza em mais direitos para as mulheres ou não-brancos na prática, já que os vice-presidentes tendem a ter pouco poder de decisão nos Estados Unidos. Setores mais progressistas do país a criticam, até mesmo, por seu papel como procuradora-geral da Califórnia na última década.
Ela foi criticada, por exemplo, por inicialmente se opor a uma medida que direcionava esforços para investigar tiroteios policiais – a morte de negros nas mãos da polícia foi uma das motivações do movimento anti-racismo Black Live Matter. Ao mesmo tempo, pediu a reforma do sistema prisional dos Estados Unidos, que essencialmente encarcerava a população negra.
Como Biden e ao contrário de Trump, Harris chega à Casa Branca com uma história de vida política: advogada de formação, como o ex-presidente Barack Obama, ela se tornou promotora pública em São Francisco no início dos anos 2000 e, em 2017, o segundo membro. No Senado negro da história, ele ocupou esse cargo nos Estados Unidos, com assento na Califórnia. Ela é casada com o advogado Doug Imhoff e tem filhos.
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